Abrir Empresa Já tenho uma Empresa

Notícias

Mais companhias inovam e usam a internet, diz IBGE

Percentual de empresas inovadoras aumentou, mas só 2,3% lançaram produtos realmente sem similar no país

Autor: Pedro SoaresFonte: Folha de S.Paulo

Mais empresas se lançaram à inovação tecnológica e a internet passou a ser o principal instrumento de informação para essas companhias em 2008, segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE.


O percentual de empresas inovadoras alcançou 38,6%, o maior da série da pesquisa iniciada em 2000, superior aos 34,4% de 2005. Dessas, 69% das indústrias e 79% das de serviços (informática, telecomunicações e edição) citaram o uso da internet como meio de obter informação para inovar.
O uso da rede mundial de computadores aparecia apenas na quinta posição em 2005, e superou fontes tradicionais como feiras, congressos e troca de informações com clientes, fornecedores e outras áreas da empresa. O IBGE não levantou o conteúdo pesquisado na internet.
Pelo critério da pesquisa, é inovação qualquer produto ou processo produtivo novo para a empresa, mesmo que seja uma cópia de algo que já exista no mercado. Apenas 2,3% de indústrias lançaram produtos realmente sem similar no país, por exemplo.
O avanço da inovação acompanhou o vigoroso crescimento da economia até 2008, diz Fernanda Vilhena, gerente da pesquisa. "O investimento estava muito aquecido e tradicionalmente as empresas inovam com a compra de novas máquinas."
Dentro do cenário internacional, o percentual de companhias inovadoras no Brasil já é maior, por exemplo, do que na Espanha (31,5%), mas está muito distante da taxa da Alemanha (64,7%).

GASTO PARA INOVAR
Em 2008, as empresas investiram, em média, 0,8% do seu orçamento em atividades de pesquisa e desenvolvimento, sem incluir despesas com lançamentos de produtos, contratação de consultorias e outros. Em 2005, havia sido 0,77%. "Mas em termos absolutos, o gasto foi maior porque a receita das empresas teve forte crescimento."
Novidades como a produção de tecidos com fibras de garrafas PET e bambu, equipamentos para TV digital, processos de produção mais limpos (com menos uso de água e energia) e o lançamentos de uma enorme gama alimentos funcionais foram captadas pelo IBGE.
A tecelagem StenVille, de Jundiaí (SP), passou a usar fibra de poliéster proveniente de garrafas PET para fabricar tecidos de camisetas e uniformes -o foco da empresa.
O PET é comprado de cooperativas de reciclagem e transformado por outra empresa em fibras. O tecido é composto 50% por algodão e 50% por poliéster -obtido via destilação do petróleo.
Segundo George Tomic, diretor da StenVille, não houve custo adicional porque o preço do PET reciclado acompanha o do poliéster e as máquinas não precisaram ser convertidas.


Inovação afina diálogo entre governo e indústria
MÁRIO SÉRGIO LIMA

Carga tributária, juros altos, dificuldade de obter crédito, real muito valorizado, gargalos logísticos. São vários os problemas apontados pelo setor produtivo para explicar a perda de competitividade do produto nacional no comércio exterior, que pauta cobranças ao setor público.
Contudo, governo e indústria afinam o discurso quando o tema é a inovação, considerada uma das principais apostas para devolver às manufaturas o poder de brigar com produtos estrangeiros.
"A inovação pode se dar tanto em um produto novo como na forma de produção ou gestão", diz Reginaldo Arcuri, presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial).
Nesta semana, a entidade divulgou uma pesquisa que aponta que 71,5% das grandes empresas brasileiras investiram em inovação no segundo trimestre do ano.
A sondagem faz parte dos esforços do governo para mapear de forma mais precisa os investimentos com inovação, e realizar políticas públicas mais específicas para as demandas empresariais.
Pelo lado do setor produtivo, no começo de 2009, a CNI (Confederação Nacional da Indústria), em parceria com entidades estaduais, associações setoriais e o Sebrae, lançou a Mobilização Empresarial pela Inovação.
"Estamos entrando na fase de produção", diz o diretor de Operações da CNI, Rafael Lucchesi. Deverão ser instalados até o final do ano 23 núcleos regionais para desenvolver a agenda de inovação.