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“Unbossing”: é possível trabalhar sem chefe?

Modelo de trabalho propõe maior autonomia para funcionários, com estruturas menos hierarquizadas e mais horizontais

Já não é novidade que a pandemia de Covid-19 impactou profundamente as nossas vidas, em praticamente todos os aspectos. O modo como trabalhamos é um deles, com a adoção do modelo remoto de trabalho sendo o exemplo mais destacado das mudanças que vêm ocorrendo nas empresas até o momento. No mundo corporativo é possível observar uma série de outras tendências, como por exemplo os modelos de organização das equipes em que os chefes perdem o espaço que antes tinham.

O “Unbossing”, sem chefe na tradução, ainda que venha ganhando força apenas nos últimos anos, é assunto bastante discutido nos meios corporativo e acadêmico. Carina Melo, docente do Senac São Paulo, aponta que o termo ganhou força a partir do livro “UNBOSS”, de autoria de Lars Kollind e Jacob Botter, publicado há dez anos, em 2012.

De acordo com Carina, que também atua como consultora de gestão estratégica, “há muito se discute como a hierarquia das empresas e a centralização da tomada de decisão tornam as entidades mais lentas. Em tempos de globalização e escalada da comunicação por meio da tecnologia, as empresas precisam dar mais autonomia aos capitais intelectuais, pois isso promove um maior nível de desenvolvimento das pessoas e agiliza a resolução de problemas”.

Impacto nas organizações

Promover alterações em modelos de gestão que estão consolidados há tanto tempo requer altos níveis de disposição e esforço por parte das empresas, contando com a participação de todos os colaboradores da organização.

Segundo a docente, no caso do “unbossing” existe a necessidade de rever o papel do líder, entendendo que este “será mais um catalisador e desenvolvedor de pessoas em novas habilidades técnicas e comportamentais do que um controlador de horas trabalhadas do funcionário”.

Para Carina, o conceito de “sem chefe” representa a oportunidade para que empresas possam “repensar os modelos hierárquicos que são reproduzidos ao longo dos anos, assim como perfis de contratação, cultura organizacional de autonomia, agilidade e automatização de processos”.

A consultora aconselha que este processo de reorganização e revisão cultural seja conduzido de maneira clara para todos. Conforme explica, “o trabalho de comunicação deve ser transparente e todos os envolvidos no processo devem compreender os mecanismos organizacionais voltados à cultura ‘unbossing’”.